SST na Construção Civil: como prevenir acidentes e cumprir as normas no Brasil
- Estagiário Nextcon
- 14 de ago.
- 7 min de leitura
A Construção Civil é um dos setores mais relevantes da economia brasileira, mas também está entre os que mais expõem os trabalhadores a riscos ocupacionais. Quedas de altura, choque elétrico, soterramentos e o manuseio de máquinas pesadas são apenas alguns dos perigos enfrentados diariamente nos canteiros de obras.
Diante desse cenário, a Saúde e Segurança do Trabalho (SST) exerce um papel essencial para preservar vidas, garantir a conformidade legal e evitar prejuízos à imagem e à produtividade das empresas.
Neste artigo, você vai entender os principais desafios da SST na construção civil, conhecer as normas regulamentadoras aplicáveis, além de soluções práticas para manter um ambiente de trabalho seguro, saudável e em conformidade com a legislação.
Sumário:
1- Considerações Gerais
O ambiente da construção civil é dinâmico, exposto a adversidades, com estruturas inacabadas, equipamentos pesados e trabalhos em altura. Essas características tornam o setor altamente vulnerável a acidentes e doenças ocupacionais.
Principais riscos encontrados nos canteiros de obras:
— Trabalho em altura.
— Queda de materiais e ferramentas.
— Choque elétrico.
— Máquinas e equipamentos sem proteção adequada.
— Exposição a agentes químicos (solventes, cimento).
— Riscos ergonômicos (esforço físico intenso, movimentos repetitivos).
2- Principais Normas Regulamentadoras (NRs) aplicáveis
A legislação brasileira é robusta quando se trata da proteção dos trabalhadores. Diversas Normas Regulamentadoras (NRs) são obrigatórias para empresas da construção civil. Entre as principais, estão:
NR-18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
É a norma principal da construção civil. Define diretrizes para gestão de segurança nos canteiros, instalações sanitárias, áreas de vivência, sinalização, proteção coletiva e individual, e mais. Atualizada em 2020, passou a exigir um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) específico para cada obra.
NR-35 - Trabalho em Altura
Obrigatória sempre que o trabalho é realizado acima de 2 metros do nível inferior. Exige treinamento, análise de risco, uso de EPIs e proteção coletiva (como linhas de vida e guarda-corpos). Temos um post no blog sobre a NR-35. Clique aqui e saiba mais.
Outras NRs essenciais:
NR-01 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais
NR-06 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
NR-07 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
NR-09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
NR-12 - Segurança em Máquinas e Equipamentos
3- Principais desafios para aplicar SST na construção civil
Mesmo com regulamentações detalhadas, ainda existem obstáculos na aplicação prática da segurança do trabalho no setor:
1. Alta rotatividade de mão de obra
A rotatividade elevada é uma característica marcante da construção civil. Muitos profissionais são contratados para funções temporárias, terceirizadas ou com vínculos de curta duração. Esse fluxo constante de entrada e saída dificulta o fortalecimento de uma cultura de segurança sólida, já que nem todos os colaboradores permanecem tempo suficiente para se engajar nas boas práticas.
Além disso, empresas nem sempre conseguem garantir que esses trabalhadores passem por treinamentos adequados ou estejam com sua documentação ocupacional em dia. Para contornar esse cenário, é fundamental investir em processos padronizados de integração de segurança logo na admissão, criar conteúdos de capacitação rápidos e acessíveis e manter um sistema digital que acompanhe o histórico de treinamentos e documentos.
2. Baixa conscientização e resistência às normas
Muitos ainda vêem os procedimentos de SST como uma burocracia desnecessária ou algo que atrasa a produtividade. Esse comportamento leva à negligência no uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), à realização de tarefas sem a devida proteção e ao aumento da exposição a riscos evitáveis.
Para mudar essa mentalidade, é preciso promover campanhas de sensibilização constantes, treinamentos práticos, simulações de acidentes e até estratégias de metas e recompensas para as equipes que seguem corretamente as normas.
Além disso, o exemplo precisa vir de cima: lideranças e supervisores devem demonstrar compromisso real com a segurança, sendo referência para o restante da equipe.
3. Falta de planejamento e improvisos
Obras iniciadas sem um cronograma bem definido, com improvisações e ausência de previsão para riscos específicos de cada fase, tendem a apresentar um volume muito maior de incidentes.
Andaimes improvisados, instalações elétricas provisórias mal feitas e falta de rotas de fuga são exemplos comuns de situações perigosas que surgem pela ausência de um plano estruturado.
A solução está na integração da segurança desde a fase de projeto, com a elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) alinhado ao cronograma da obra e revisado periodicamente.
4. Fiscalização precária ou inexistente
Em muitos casos, sequer há um profissional de SST alocado, e os programas obrigatórios como PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) e controles de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) são completamente ignorados.
Esse descuido não apenas aumenta os riscos de acidentes, como também pode resultar em sanções legais e prejuízos financeiros. Para minimizar esse problema, é essencial que as empresas contratantes e os clientes finais passem a exigir, em contrato, o cumprimento rigoroso das normas de Saúde e Segurança do Trabalho, com cláusulas que prevejam auditorias e penalidades.
Além disso, capacitar encarregados, mestres de obra e supervisores para que atuem como multiplicadores da segurança pode ser uma solução viável em ambientes com menor estrutura técnica.
Superar esses desafios exige mais do que o cumprimento formal da legislação. É preciso um compromisso verdadeiro com a vida dos trabalhadores, aliado a investimentos estratégicos em treinamento, planejamento e gestão. Com ações integradas e consistentes, é possível transformar o canteiro de obras em um ambiente mais seguro, eficiente e humano.
4- Soluções práticas para promover SST na Construção Civil
Implementar o PGR
O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) é obrigatório para todas as obras, conforme determinam as Normas Regulamentadoras NR-18 (Indústria da Construção) e NR-01 (Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais). O programa deve ser específico para cada canteiro de obras, considerando suas características, etapas e riscos particulares.
O PGR precisa conter:
Inventário de riscos ocupacionais: identificação e avaliação dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.
Plano de ação: conjunto de medidas preventivas e corretivas com cronograma e responsáveis definidos.
Análise de acidentes: metodologia de investigação e registro de incidentes para evitar reincidência.
Procedimentos de emergência: plano de resposta rápida em caso de incêndio, desabamento, choque elétrico ou outro evento crítico.
A atualização constante do PGR, especialmente conforme o andamento das fases da obra, é fundamental para que ele seja realmente eficaz.
Utilizar EPIs e EPCs (Equipamentos de Proteção Individual e Coletivos) de forma adequada
O uso correto dos EPIs e dos EPCs é uma das formas mais básicas, e eficazes, de garantir a integridade dos trabalhadores. No entanto, mais do que disponibilizá-los, é necessário fiscalizar seu uso, treinar os colaboradores sobre sua importância e realizar manutenção periódica. A combinação de EPIs e EPCs é fundamental para mitigar riscos de forma eficiente, sobretudo em ambientes dinâmicos como os canteiros de obras.

Promoção de treinamentos
A capacitação dos trabalhadores é um dos pilares da Saúde e Segurança do Trabalho. Treinamentos técnicos e comportamentais ajudam a formar profissionais mais conscientes, habilitados a identificar riscos e agir corretamente em situações adversas. No setor da construção civil, esses treinamentos devem ser periódicos e adaptados ao perfil de cada função. Alguns exemplos de treinamentos incluem:
Treinamento em altura (NR-35): obrigatório para todos que trabalham acima de 2 metros do nível inferior.
Integração de segurança: deve ser aplicada a todos os trabalhadores recém-contratados, com apresentação das normas da obra, procedimentos de emergência e uso correto de EPIs.
Simulados de Evacuação e Primeiros Socorros: importantes para preparar os trabalhadores para agir em situações de risco real, como incêndios, desabamentos ou acidentes com vítimas.
Oferecer esses treinamentos com linguagem acessível, recursos visuais e exemplos práticos contribui significativamente para a adesão e a internalização do conteúdo.
Monitorar a saúde dos trabalhadores (PCMSO)
Além da prevenção de acidentes, é necessário cuidar da saúde ocupacional dos trabalhadores por meio do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), exigido pela NR-07. Esse programa é coordenado por um médico do trabalho e visa acompanhar a saúde dos empregados ao longo do tempo.
O PCMSO inclui:
Exames admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho, mudança de função e demissionais
Avaliação de doenças relacionadas ao trabalho, como problemas osteomusculares, dermatológicos, respiratórios e auditivos
Encaminhamentos para exames complementares e controle estatístico da saúde ocupacional
Com a exposição frequente a poeiras, cimento, ruídos e esforço físico intenso, é imprescindível que trabalhadores da construção civil sejam monitorados com regularidade.
Terceirização de SST com especialistas
Para empresas que não possuem estrutura interna robusta de segurança e saúde do trabalho, uma solução eficaz é contratar empresas especializadas em SST. Essa terceirização garante que os programas obrigatórios sejam elaborados corretamente, que os prazos sejam respeitados e que haja suporte técnico para auditorias, fiscalizações e treinamentos.
Os principais benefícios da terceirização são:
Regularidade na entrega e atualização do PGR, PCMSO, ASOs e demais documentos legais.
Realização de treinamentos e integrações de forma padronizada.
Redução de riscos legais e trabalhistas.
Maior foco da empresa na sua atividade principal, enquanto especialistas cuidam da segurança do canteiro.
Mais do que cumprir a legislação, promover um ambiente seguro depende do engajamento coletivo, desde a alta gestão até o trabalhador da base. Canteiros com cultura de segurança reduzem acidentes, evitam paralisações, melhoram o clima organizacional e protegem o investimento da empresa.
5- Conclusão
A Saúde e Segurança do Trabalho na construção civil é um fator decisivo para a sustentabilidade do setor. Os riscos são altos, mas podem ser controlados com planejamento, capacitação e cumprimento das normas. Investir em SST é proteger vidas, garantir a legalidade da obra e impulsionar a produtividade.
Sua empresa está pronta para elevar o padrão de cuidado com a saúde e segurança dos colaboradores? A Nextcon pode ser sua parceira estratégica nesse caminho.
Com uma abordagem personalizada e integrada, ajudamos a transformar desafios em resultados consistentes. Entre em contato e saiba como podemos caminhar juntos nessa jornada.